A vácuo [2020]
Videoperformance
Cor, stereo, 16x9 1’01”
A vácuo
Um corpo embalado a vácuo. Se lhe sobra higiene, lhe falta ar. Parece-me que há um desejo em comum de nos embrulhar para que nada nos infecte. Como quem cobiça uma certa ilusão de proteção. Os tempos de quarentena melhoraram nossos hábitos de limpeza ao passo que confinaram nossos corpos às nossas casas. Mas se a pandemia nos obriga a um isolamento social e a uma certa imobilidade, também aprimora nossas capacidades de conexão virtual. Há links por todos os lados. Experimento – não sem esforço – um invólucro que isola o corpo do espaço. Fico inerte, desconectada e ainda mais asséptica.
Higiene, qualidade e aumento do tempo de prateleira são os benefícios do acondicionamento a vácuo. Proponho uma existência embalada. E coincido com as discussões que pensam a pós-pandemia como uma era ainda mais cruel que pode oferecer a melhora da produtividade em troca de corpos sufocados.
Nesta videoperformance embrulho meu corpo com papel filme.